O cuidado com os dados por parte de uma empresa é algo que vem sendo debatido com mais seriedade a partir de 2020, quando a Lei Geral de Proteção de Dados entrou em vigor no país.
Muitos empreendedores ainda não sabem ou temem a burocracia de se adequarem à nova regulação que visa garantir a privacidade de todos. Menos da metade dos negócios brasileiros estão em processo de adequação ou já implantaram um sistema de cibersegurança.
Aqueles que por algum motivo ignoram essa fase de adaptação correm risco de pagar multas equivalentes a 2% do faturamento total ou valores até R$50 milhões.
O custo de não se atentar às novas regras é alto, impacto financeiro e também o desgaste da reputação, principalmente pelas companhias que dependem exclusivamente da marca. Sendo assim, torna-se um problema capaz de quebrar completamente a estrutura organizacional, resultando em falência.
Por que as empresas têm dificuldade de implantar a LGPD?
O principal responsável por definir uma estratégia com a administração e demais membros da direção é quem ocupa o cargo de CLO, Chief Legal Officer, que cuida de todas as questões jurídicas.
Levando em conta que nem todos os corpos de funcionários possuem um especialista, a falta de liderança é o principal fator da não conformidade, aponta a Pesquisa ‘’LGPD no Mercado Brasileiro’’, realizada pela ABNT, Privacy Tools e associados.
No mesmo estudo, outra variável que tem um grande peso e representa uma barreira para os gestores implantarem as normativas é a cultura organizacional do país.
Nem sempre há colaboração dos trabalhadores ou acesso à informação, proporcionada pela ausência de um membro capacitado. Para entender, aplicar e monitorar um programa de segurança informacional é necessário um alto nível de especialização.
Surgiu assim, a função de DPO, Data Protection Officer, que sabe de todos os fatores para garantir que os seus colaboradores e clientes fiquem cientes das considerações em relação aos dados.
Isso é um requisito ético e a forma como se administra essa rede é estratégica ao evitar danos e atrair mais investimentos e consumidores. Portanto, no mercado de trabalho esses profissionais estão sendo cada vez mais requisitados.
De acordo com a Page Group, o Diretor ou Analista de Proteção de Dados foi uma das profissões mais promissoras de 2021 e continua valorizada pelo aumento da demanda entre pequenas e médias empresas na atualização de seus processos.
Aquele que se dedica ao setor, chega a ganhar R$20 mil por mês, porque consegue entregar uma abordagem interdisciplinar, reunindo leituras do direito, tecnologia da informação e administração.
Hoje muitas empresas buscam um DPO e o esforço junto aos entes públicos em busca de aumentar o índice de formalização e informatização, tem sido grande. A Agência Nacional de Proteção de Dados, com interesse de impulsionar a economia, oferece encontros, materiais de apoio e cursos.
No início deste ano, a ANPD publicou uma resolução que flexibilizava a exigência de um cargo tão alto para pequenos empreendedores, barateando os custos de enquadramento às exigências da LGPD.