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    AI on the Pitch: Artificial Intelligence and Data Protection in the World of Soccer

    Tempo de leitura estimado (em minutos): 5

    Nos últimos anos, a inteligência artificial (IA) tem assumido um papel cada vez mais relevante no universo do futebol. Essa tecnologia não apenas transformou a análise de desempenho, táticas e treinamentos, mas também trouxe inovações fundamentais na segurança e proteção de dados. Diante de um cenário em que informações e dados sensíveis e privados circulam com maior frequência, a IA surge como uma ferramenta essencial tanto para a segurança digital quanto física dos clubes e estádios.

    Inteligência Artificial além das quatro linhas

    No campo, a IA já se mostrou revolucionária. Técnicos e analistas agora podem obter insights detalhados sobre o desempenho dos jogadores. Algoritmos avançados analisam padrões de jogo, movimentos táticos e até mesmo o desgaste físico dos atletas, auxiliando na prevenção de lesões e no desenvolvimento de estratégias mais eficientes. Além disso, a IA tem facilitado a tomada de decisões em tempo real, permitindo ajustes mais precisos durante as partidas.

    Fora dos gramados, a Inteligência Artificial desempenha um papel igualmente crucial. Clubes estão cada vez mais utilizando soluções tecnológicas para proteger informações estratégicas e financeiras. Sistemas de IA são capazes de identificar padrões anômalos que possam indicar ciberataques, garantindo a integridade das bases de dados – um ativo extremamente valioso no esporte. Essa tecnologia também assegura que dados pessoais e de saúde dos atletas sejam tratados de forma segura, em conformidade com a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD).

    Por outro lado, no Brasil, a Lei Geral do Esporte (Lei nº 14.597/2023) introduziu o uso obrigatório de reconhecimento facial nos estádios com mais de 20 mil lugares. Essa medida facilita o controle de acesso e combate ao cambismo, além de garantir que apenas indivíduos autorizados possam ingressar nos estádios. A vinculação dos ingressos aos dados biométricos dos torcedores combate fraudes e facilita a identificação de pessoas com restrições legais.

    Vestindo a camisa da privacidade

    No entanto, o uso dessa tecnologia também levanta questões críticas de privacidade e proteção de dados. Embora a LGPD permita o tratamento de dados biométricos para o cumprimento de obrigações legais, o tratamento deve ser realizado de maneira responsável, com coleta e armazenamento de dados limitados ao estritamente necessário para garantir a segurança. O equilíbrio entre a segurança e o respeito à privacidade é um dos maiores desafios dessa nova era de estádios “inteligentes”.

    Embora as vantagens da IA e da tecnologia no futebol sejam evidentes, os riscos à privacidade não podem ser ignorados. O uso de dados biométricos, como o reconhecimento facial, exige uma gestão cuidadosa para evitar abusos e violações. É fundamental que clubes e organizadores de eventos garantam que esses dados sejam utilizados de forma transparente, informando claramente os torcedores sobre o tratamento de suas informações.

    Vale mencionar que erros em sistemas de reconhecimento facial podem ter consequências graves, como a identificação incorreta de pessoas, gerando constrangimentos ou até ações judiciais. Desenvolvedores de sistemas e especialistas jurídicos devem tratar esse ponto com rigor, assegurando a precisão das tecnologias utilizadas.

    O futuro da IA no futebol promete inovações ainda mais profundas, tanto no desempenho em campo quanto na administração e segurança dos clubes. Nos próximos anos, a IA atingirá novos níveis de sofisticação, transformando a forma como clubes monitoram e treinam seus jogadores. Além de analisar movimentações táticas e físicas, a IA poderá integrar informações psicológicas e emocionais dos atletas, ajudando técnicos a ajustar estratégias e manter a coesão mental da equipe durante momentos críticos. Também será crescente o papel da IA na saúde dos atletas, antecipando lesões com maior precisão e reduzindo o tempo de recuperação.

    Fora dos campos, a proteção de dados é uma área de atenção especial. Com o uso crescente de tecnologias como reconhecimento facial e coleta de dados biométricos, surge um volume expressivo de informações sensíveis a serem gerenciadas. A LGPD já estabelece restrições sobre como esses dados devem ser coletados e tratados. No entanto, com o avanço de tecnologias ainda mais sofisticadas, como sensores de movimento e câmeras que monitoram expressões faciais, será necessária uma adoção mais robusta de medidas de cibersegurança para proteger esses dados.

    O reconhecimento facial, já em uso em alguns estádios brasileiros, é um exemplo dos benefícios e desafios dessa nova era tecnológica. Embora melhore a segurança e o controle de acesso, combatendo fraudes e cambismo, a imprecisão dos sistemas pode prejudicar torcedores inocentes e gerar constrangimentos. Além disso, a coleta e o armazenamento de dados biométricos representam riscos em caso de vazamento, pois informações biométricas não podem ser alteradas como uma senha. Por isso, é crucial que os clubes adotem políticas de segurança rigorosas e utilizem os dados de forma restrita.

    Outro ponto fundamental para o futuro da IA no futebol é garantir que essas tecnologias não perpetuem discriminações. Sistemas de reconhecimento facial têm mostrado dificuldades na identificação precisa de pessoas de diferentes etnias e gêneros, o que pode gerar desigualdades no acesso aos eventos. A precisão e equidade desses sistemas são fundamentais para evitar injustiças e garantir que o esporte seja acessível a todos.

    Para que essas inovações sejam amplamente aceitas, a regulamentação precisa evoluir junto com a tecnologia. A LGPD e outras regulamentações devem ser continuamente adaptadas para garantir que o uso da IA no futebol avance de forma ética e responsável. A colaboração entre federações esportivas, governos e entidades reguladoras será essencial para moldar um futuro em que a IA transforme o futebol de maneira positiva, sem comprometer direitos fundamentais.

    Autor

    • Graduado em Direito pela Universidade Presbiteriana Mackenzie (1998). Sócio de CNK Advogados, escritório de advocacia que atua na área de Direito Direito Digital, Proteção de Dados, Cibersegurança e Compliance - DPO do Sport Club Corinthians e Sparco.

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    By Calza Neto

    Graduado em Direito pela Universidade Presbiteriana Mackenzie (1998). Sócio de CNK Advogados, escritório de advocacia que atua na área de Direito Direito Digital, Proteção de Dados, Cibersegurança e Compliance - DPO do Sport Club Corinthians e Sparco.





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