A pandemia praticamente obrigou a migração das empresas para o online, de forma que não houve tempo hábil para que houvesse, por parte da maioria, uma priorização da proteção dos dados. A LGPD chegou em meio a esse cenário e então os olhos do mundo se voltaram às questões de privacidade, gerando uma corrida contra o tempo pela segurança.
O Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic) realizou uma pesquisa que mostrou que somente 4 a cada 10 empresas tomam providências para proteção de dados.
O estudo, que entrevistou mais de 4 mil empresários, entre agosto de 2021 e abril de 2022, mostrou também que, apesar de ainda ser um número baixo de empresas que buscam maior proteção, as medidas protetivas contra vazamento de dados subiram consideráveis 42% desde 2020.
Ataques hackers também subiram
No primeiro semestre deste ano, os ataques hackers tiveram uma alta de aproximadamente 10% em relação ao ano passado, mostrando a necessidade de que as empresas tomem providências mais severas visando a proteção de seus sistemas.
Um dado interessante sobre a pesquisa é que os setores que mais investem em proteção de dados são os setores de informação, tecnologia e comunicação com uma média de 50% das empresas adotando medidas de prevenção. Já os setores de logística e comércio aparecem com uma média de 43% e 38%, respectivamente.
Entre os setores que menos dão atenção às práticas de prevenção estão as indústrias, as empresas de alojamento e alimentação, que surgem como apenas 18% dos entrevistados.
Além disso, somente 30% das empresas realizam treinamentos periódicos visando criar uma cultura que priorize a proteção de dados.
Como as empresas podem proceder?
Em entrevista ao Canaltech, Luis Santos de Azevedo, gerente de TI da Uze, empresa focada em soluções de crédito para o varejo ressaltou a importância de que se crie uma cultura de proteção de dados nas empresas: “No meio digital hoje a forma mais importante de prevenção é a conscientização dos colaboradores, que estão na linha de frente, manuseando dados pessoais em suas rotinas de trabalho. Temos que colocar o assunto na mesa, entendendo que isso faz parte da rotina. Nós somos o elo mais fraco e o alvo mais vulnerável. É de fundamental importância que as empresas deem atenção às pessoas, e não apenas para processos e tecnologias. Esse é o primeiro pilar para obtermos sucesso quando falamos em segurança”.
Também é imprescindível que as empresas criem formas de mapear os fluxos de dados em seus sistemas, pois o que não é medido não pode ser avaliado, e além disso é importante que também invistam em sistemas que auxiliem no processo de adequação e gerenciamento destes dados.
E por fim, toda empresa precisa de um encarregado de dados para gerenciar as tarefas relacionadas à adequação e assim, ajudar a criar na empresa uma consciência maior sobre a necessidade de um tratamento adequado destes dados onde, no fim, todo mundo sai ganhando.