A tecnologia tem mudado, de uma forma muito rápida, a forma como vivemos. Desde a comunicação até a forma como trabalhamos.
A pandemia de COVID chegou e acelerou ainda mais o processo, trazendo consigo, inclusive, uma necessidade de mudança na forma como o trabalho se desenvolve, ao forçar muitas empresas a se adequarem ao trabalho remoto. Essa necessidade gerou uma demanda de compartilhamento de dados com terceiros, mudou as trocas digitais de redes de escritórios para redes residenciais – que possuem uma variedade maior de dispositivos conectados com menos proteção contra invasões – aumentando consideravelmente os riscos para a privacidade de dados.
Carolina Klint, Risk Management Leader, Continental Europe da Marsh, disse: “À medida que as empresas se recuperam da pandemia, elas estão aprimorando o foco na resiliência organizacional e nas credenciais ESG. Com as ameaças cibernéticas agora crescendo mais rápido do que nossa capacidade de erradicá-las permanentemente, está claro que nem a resiliência nem a governança são possíveis sem planos de gerenciamento de risco cibernético sofisticados e confiáveis. Da mesma forma, as organizações precisam começar a entender seus riscos espaciais, especialmente o risco para os satélites, dos quais nos tornamos cada vez mais dependentes, dado o aumento das ambições e tensões geopolíticas”.
Riscos para a cibersegurança só aumentam
Em 2020, os ataques de malware e ransomware aumentaram em 358% e 435%, respetivamente, e os fatores que mais contribuíram para esse cenário foram, barreiras menores fazendo imposição à entrada de hackers, métodos de invasão cada vez mais agressivos e sofisticados, falta de bons profissionais de cibersegurança e mecanismos de defesa adaptados às pressas.
Em paralelo a isso, o uso de várias tecnologias trabalhando em conjunto – incluindo inteligência artificial (IA), IoT (Internet das Coisas), Internet de dispositivos habilitados para coisas robóticas, computação de bordo, blockchain e 5G, tem crescido consideravelmente, e muito embora essas ferramentas tenham a capacidade de facilitar muito o trabalho e aumentar sua eficiência, também causam maior vulnerabilidade aos riscos cibernéticos.
Metaverso e os ricos para a cibersegurança
A adesão a uma internet com base na tecnologia Blockchain está crescendo, e uma das manifestações de uma migração para este cenário consiste no universo metaverso, onde os usuários ficarão expostos a uma navegação de maior risco para a privacidade, devido à descentralização e falta de proteções estruturadas.
De acordo com o relatório, em dezembro de 2021, uma semana após a descoberta de uma falha grave na segurança de uma biblioteca de software muito utilizada, foram detectadas por minuto, mais de 100 tentativas de explorar a vulnerabilidade dessa falha de segurança, mostrando como a codificação de acesso livre pode aumentar exponencialmente a vulnerabilidade de um sistema.
Com o aumento da adesão às criptomoedas, o crime cibernético tem se favorecido, pois a descentralização da moeda facilita os pagamentos aos cibercriminosos, que recebem pagamentos com um baixo risco de detecção ou devolução monetária, tornando menores as chances de extradição, processo ou sanção.
O relatório também apontou que, os entrevistados da Global Risks Perception Survey (GRPS) classificaram “falha de segurança cibernética” entre os 10 principais riscos que mais pioraram desde o início da crise do COVID-19, pois os invasores se utilizaram da distração mundial com os picos de surtos do coronavírus e desastres naturais, para acessar informações mais confidenciais e de maior qualidade das vítimas. Além disso, a tecnologia “deepfake” está permitindo que os invasores melhorem as manobras de engenharia social, espalhem a desinformação, causando estragos na sociedade, e instaurando o caos.
O surgimento do universo metaverso também pode expandir a quantidade de ataques de hackers, ao criar mais pontos de entrada para malware e violações de dados, pois, à medida que o valor do comércio no metaverso cresce – segundo algumas estimativas projetadas em mais de US$ 800 bilhões até 2024 – esse tipo de ataque tende a crescer em frequência e de forma cada vez mais agressiva, com criminosos atraídos pelas variadas formas de propriedade digital, como coleções de arte NFT e imóveis digitais.
Conclusão do relatório
É interessante que se examinem exemplos recorrentes de invasões cibernéticas anteriores, pois esses casos mostram como os ataques podem ser prejudiciais a sistemas como bancos, hospitais, GPSs ou sistemas de controle de tráfego aéreo.
Há de se ter atenção redobrada às “deepfakes”, que pela sua natureza fraudulenta, possuem potencial de influenciar eleições, resultados políticos, manipular a opinião pública em favor de clientes, públicos ou privados, e prejudicar concorrentes.
A ansiedade tende a ter um aumento considerável, conforme a população vai sofrendo com a precarização do controle dos seus dados e a vulnerabilidade a ataques pessoais, fraudes, cyberbullying e perseguição virtual, que só aumenta.
Governos enfrentarão desafios cada vez maiores, principalmente devido à falta de confiança da população, e a questões de privacidade, questões essas, que tendem a reforçar as tensões com os governos de outros países, caso não haja uma solução pensada em conjunto.
E a não ser que, sejam tomadas atitudes para melhorar a confiança digital através de iniciativas efetivas, por parte dos governos e empresas, as bases de uma sociedade justa e confiante tendem a ser perder em um cenário que, cada vez mais, está favorável e vulnerável às ações maliciosas de quem não tem nada a perder.