Muito tem se falado no conceito do metaverso desde que o Facebook, agora Meta, anunciou sua futura entrada nesse universo. Muito embora esse não seja um conceito novo, visto que nasceu no início dos anos 90, agora ele toma força e aquece um cenário antes considerado futurista: a Web3.
Metaverso, pessoas com óculos de realidade aumentada, um mundo onde se pode escolher quem cada pessoa quer ser. Parece coisa de filme de ficção científica mas é somente o futuro. E ele está próximo.
Se antes pouco se falava sobre isso, hoje temos gigantes do mercado de tecnologia disputando terrenos nesse novo universo, buscando criar suas comunidades e fortalecer suas marcas nesse espaço, que logo vai estar tomando conta do nosso dia a dia.
E justamente pela perspectiva de que logo migraremos da Web2 (internet como conhecemos hoje) para a Web3 (internet imersiva), que é preciso desde já que as questões que envolvam privacidade e proteção de dados sejam pensadas desde agora.
Se hoje, existe um quase monopólio da Meta dominando o mercado, sendo hoje a empresa com o maior banco de dados pessoais do mundo, e também alvo de uma das maiores operações envolvendo vazamento de dados – o caso Cambridge Analytica que envolveu o uso de informações de até 87 milhões de usuários para ajudar na campanha de Donald Trump em 2016 -, é inevitável pensar sobre como seremos protegidos nesse novo universo virtual.
Centralizado ou descentralizado, eis a questão
O fato é que, se formos analisar, a Meta hoje não possui os critérios necessários à Web3, visto que, a empresa hoje atua de forma centralizada, podendo acabar “carregando” consigo as questões de privacidade que já existem nos moldes Web2.
O fato de solicitarem dados pessoais para a criação de contas, metaversos como a Meta podem acabar tropeçando das diretrizes estabelecidas por regulamentações como a LGPD.
Em entrevista à Exame, Julia Peranovich Advogada na AP Digital Services disse: “A melhor maneira do metaverso se enquadrar na LGPD é adotar medidas rígidas de tratamento e armazenamento de dados, evitando o compartilhamento indevido e quaisquer outros problemas que dele possam suceder, além de adotar uma medida bem clara de quais dados serão utilizados e por qual motivo e, ainda, fazer um termo de permissão de uso de dados, de forma em que as pessoas realmente leiam o termo”.
No entanto, as plataformas que operam via blockchain, ou seja, de modo descentralizado, possuem uma relação diferente com os dados pessoais.
Considerada atualmente uma referência no que se refere a um metaverso descentralizado, a Decentraland possui terrenos virtuais disputados por gigantes como JPMorgan e Samsung, que podem chegar a custar a bagatela de R$ 2,4 milhões.
Mas por que a Decentraland é tão atrativa?
Além de operar através da tecnologia Blockchain, que ganhou espaço através do Bitcoin, a Decentraland é uma DAO (organização autônoma descentralizada), que se utiliza de tokens de governança, onde seus usuários possuem o poder de opinar diretamente em suas decisões, sendo uma aposta contra o monopólio estabelecido até então pelas gigantes Meta e Google.
“Quando você olha para os metaversos que são descentralizados, de código aberto, e no blockchain, acho que essa combinação específica demonstra uma nova chance para a internet. É uma oportunidade para a internet que estamos construindo agora nessa segunda década dos anos 2000, que o pessoal chama de Web3”, afirmou Giovanna Casimiro, produtora na Decentraland Foundation.
A Decentraland pode representar uma leva de novas empresas que agem de modo transparente através da Blockchain – tecnologia que não depende de monopólios ou organizações e possibilita que os usuários tenham mais autonomia em suas ações -, mostrando que, a descentralização pode ser o início de um futuro onde proteção de dados pessoais seja um princípio que já faça parte do DNA das organizações.