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    Longas políticas de privacidade confundem os usuários, que não sabem com o que estão consentindo

    Tempo de leitura estimado (em minutos):

    Uma pesquisa realizada pelo Pew de 2019 mostrou que somente 9% dos americanos sempre lêem as políticas de privacidade nos sites e aplicativos, levantando uma importante questão: até que ponto os usuários estão realmente consentindo a coleta dos seus dados?

    O famoso jornal The Washington Post iniciou o importante debate em relação a essa questão, ao publicar ontem uma matéria onde é questionado o uso excessivo de textos nas políticas de privacidade, dificultando para que clientes tenham plena consciência do que estão consentindo, fazendo-os aceitar essas políticas sem tê-las realmente lido.

    Geoffrey A. Fowler, autor do artigo, fez um experimento sobre isso e calculou todas as políticas de privacidade dos aplicativos do seu smartphone, e descobriu que essas políticas totalizavam quase 1 milhão de palavras.

    A professora de engenharia e políticas públicas da Carnegie Mellon University, Lorrie Cranor e seu colega, fizeram uma estimativa de que para ler e consentir com todas as políticas de privacidade nos sites que os americanos comumente visitam seriam necessárias 244 horas por ano. Isso em 2008.

    A questão do consentimento, para os usuários, é considerada uma causa perdida

    Acontece que, a cada site que se entra, existe um banner sobre privacidade que quase ninguém realmente lê. Ninguém tem tempo para parar a cada site e aplicativo e ler toda a extensa política de privacidade de cada um deles.

    Isso cria uma ação de consentimento que acontece de forma automática, visto que, normalmente as pessoas só clicam em “concordo”.

    Imagine um cenário onde uma pessoa possui dois filhos, cada um com seu celular ou tablet. Nem que essa pessoa dedicasse sua vida à criação destes filhos, conseguiria ler cada uma das políticas em cada um dos sites onde essas crianças navegam.

    Isso gera um fardo pesadíssimo ao usuário, que precisa constantemente escutar que possui uma escolha sobre seus dados pessoais, ao passo que, todo o sistema é criado para que ele não tenha a possibilidade de fazer outra coisa senão aceitar.

    Esse consentimento sem ter sido, de fato, consentido, faz com que o usuário no final das contas, siga vulnerável à possíveis ações maliciosas e ainda seja culpabilizado por isso, já que supostamente havia outra escolha.

    Twitter tenta se diferenciar no cenário ao tornar sua política de privacidade um jogo

    Recentemente o Twitter inovou, ao criar uma espécie jogo, o Twitter Data Dash, para inserir o usuário na sua política de privacidade, porém, ainda assim essa não foi a melhor solução.

    A política de privacidade do Twitter, com suas 4.500 palavras, ainda assim demandaria algo que o usuário não tem sobrado: tempo.

    Obviamente que se comparado à política de privacidade do Facebook, com suas 12.000 palavras, poderíamos considerar a tentativa do Twitter muito válida.

    A questão é que, não deveríamos nós demandar tempo do nosso já corrido dia para a leitura de cada política de privacidade que se apresenta, e sim teriam as empresas que coletar o mínimo possível, de forma que esse consentimento seja solicitado em situações específicas, como o Twitter que solicita que o usuário ative sua localização para que a marcação do local na publicação possa ser feita.

    O peso da responsabilidade do consentimento foi jogada nas costas do usuário, que além de leigo na linguagem usada nessas políticas, ainda precisa parar a cada vez que precisa navegar entre sites ou baixar aplicativos.

    “Talvez não faça coisas que precisam de um milhão de palavras de explicação? Faça diferente”, “Você não pode abusar, fazer mau uso, alavancar dados que você não coletou em primeiro lugar.”, disse Rebecca Kelly Slaughter, comissária da Comissão Federal de Comércio.

    O fato é que, a tecnologia pode nos ajudar a fazer escolhas, ao invés de somente ser utilizada para invadir nossa privacidade.

    Mas para que isso seja possível não se pode esperar que as empresas tenham ações de boa vontade sobre a questão.

    As leis existem para isso. E já está mais do que na hora de serem pensadas para proteger o usuário, ao invés de colaborar para que ele passe a ficar legalmente vulnerável.

     

    Autor

    • Ptools Prancheta 1 2

      Somos uma solução de Gestão de Privacidade e Proteção de Dados Pessoais, GRC e ESG. Ajudamos empresas a construírem negócios responsáveis.

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