Uma pesquisa feita recentemente já havia mostrado que o setor da saúde é o alvo mais afetado e buscado pelos cibercriminosos (24% a nível global) no mundo por conter um pacote de dados mais completos, que incluem dados pessoais sensíveis. Essa vulnerabilidade nos sistemas da saúde abriram uma brecha para que pacientes se tornem vítimas de golpes a partir destes vazamentos.
De acordo com dados da Check Point Research, divulgados no início do ano, os golpes relacionados a dados do setor de saúde aumentaram 64%, ficando atrás somente do varejo.
No ranking de países mais afetados por ataques cibernéticos no mundo, o Brasil aparece em segundo lugar, ficando atrás somente dos Estados Unidos, principal alvo dos cibercriminosos até o momento.
Somente no ano passado, o Brasil registrou a marca de cerca de 2,8 bilhões de dados sensíveis expostos, fazendo com que o país permanecesse pelo segundo ano consecutivo no topo do ranking do “Relatório de Atividade Criminosa Online no Brasil”.
Dados pessoais sensíveis são o principal alvo dos cibercriminosos
Dados como telefone, CPF, nome completo, etnia, e-mail, condições de saúde, orientação sexual, informações biométricas e genéticas são o “ouro” que esses hackers tanto perseguem, seja para venda dessas informações quanto para golpes.
Na área da saúde, esses dados sensíveis são obtidos através de invasões a sistemas como aplicativos de healthtechs e plataformas de telemedicina, e posteriormente comercializados.
Luis Albinati, CEO e fundador da plataforma Vitalícia, conta: “Todas essas ferramentas contam com diversos links nas cadeias de acessos e podem proporcionar facilidade para hackers e brechas de segurança cibernética. Se ocorrido, os vazamentos de dados podem gerar prejuízos incalculáveis, pois se trata de uma gama de informações sensíveis que podem ser usadas para, por exemplo, acesso ao perfil de redes sociais, tentativas de empréstimos, envio de links fraudulentos e até acesso a contas bancárias”.
A pandemia de covid-19 foi um elemento catalisador desse “boom” nas situações envolvendo vazamentos de dados, pois, de uma hora para outra, tudo precisou ser automatizado, em resposta a um caos mundial, aumentando assim exponencialmente as brechas para invasões a sistemas, que até então não haviam precisado pensar nisso como prioridade.
Geraldo Guazzelli, diretor da Netscout Arbor no Brasil, em entrevista à Agência Efe, disse: “Quanto mais tecnologia você traz para o bem, mais portas você abre para o ilícito (…) Cada vez que você evolui com a tecnologia de proteção, o atacante descobre uma nova forma de te invadir (…) e a criticidade vem aumentando de uma maneira significativa na capacidade dos ataques, que vem crescendo de maneira considerável porque o mundo todo gira em cima de tecnologia”.
Não podemos esquecer que agora com a Lei Geral de Proteção de Dados, o tema privacidade tem sido uma pauta recorrente e as empresas cada vez mais tem buscado tornar seus sistemas mais sofisticados.
E à medida que os escândalos envolvendo grandes empresas vão surgindo, essa necessidade de melhora nos sistemas adota um caráter cada vez mais emergencial.
“Mesmo com a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), empresas do setor de saúde no país não contam ainda com a devida segurança. O investimento na privacidade de informações focada na tecnologia é tido como desnecessário por muitas organizações. Com isso, cada vez mais empresas tendem a ser vítimas de ataques cibernéticos e alvo de penalizações”, finaliza Albinati.