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    O Seguro Cibernético sob uma Perspectiva Jurídica e seus Desafios

    Tempo de leitura estimado (em minutos): 5

    O mercado de seguros cibernéticos emergiu como uma ferramenta essencial para a proteção dos ativos digitais das empresas, a preservação de sua reputação e a garantia da continuidade dos negócios em caso de incidentes cibernéticos. O aumento das ameaças digitais, como ransomware e phishing, exige que as organizações adotem uma abordagem mais estruturada e proativa para mitigar riscos.

    Nesse cenário, o seguro cibernético se configura como uma solução financeira crucial, garantindo que as empresas possam operar com o mínimo de interrupções após um ataque, além de preservar sua imagem perante o mercado e os clientes.

    O mercado nacional

    A crescente frequência e gravidade dos ataques cibernéticos, especialmente em setores de alto risco, como saúde e educação, têm levado as seguradoras a aumentar os prêmios e a limitar a cobertura. Embora essas medidas sejam necessárias para mitigar riscos, elas impõem às empresas a obrigação de fortalecer suas políticas de segurança da informação e buscar seguros alinhados às suas necessidades específicas e às exigências regulatórias do setor.

    No Brasil, o mercado de seguros cibernéticos enfrenta desafios particulares. Um dos principais obstáculos é a escassez de dados históricos robustos sobre perdas cibernéticas, o que dificulta a precificação precisa das apólices e gera incertezas jurídicas quanto à extensão da cobertura.

    A falta de padronização nos termos técnicos utilizados nas apólices, como “ciberterrorismo”, é outra barreira que pode levar a mal-entendidos tanto para seguradoras quanto para segurados.

    Diante disso, os departamentos jurídicos das empresas devem realizar uma análise detalhada dos termos contratuais e das condições de cobertura ao contratar um seguro cibernético, para evitar surpresas indesejadas no momento de um sinistro.

    Sob a perspectiva jurídica, o seguro cibernético oferece vários benefícios importantes. Ele atua como um mecanismo de transferência de risco, protegendo as empresas dos elevados custos associados a incidentes cibernéticos, como violações de dados, processos judiciais e danos à reputação. A capacidade de responder rapidamente a um ataque, com suporte jurídico adequado, pode ser decisiva para mitigar o impacto negativo sobre a marca da empresa e evitar perdas de confiança que poderiam comprometer sua posição no mercado. Em termos de conformidade, a contratação de um seguro cibernético pode ser vista como uma medida de due diligence, demonstrando que a empresa tomou precauções razoáveis para proteger os dados pessoais e confidenciais que possui, o que pode ser um fator atenuante em processos judiciais ou investigações regulatórias. Além disso, a inclusão de coberturas para ações de reparação de imagem e gestão de crises permite que as empresas não apenas se protejam financeiramente, mas também mantenham sua credibilidade junto ao público após um incidente.

    Na análise da contratação de um seguro cibernético, os advogados devem atentar-se a diversos aspectos críticos para assegurar que o seguro seja adequado às necessidades da empresa e cumpra com as exigências legais. Primeiramente, é essencial a análise minuciosa das cláusulas contratuais, especialmente no que tange às definições de eventos cobertos, como ‘incidente cibernético’ e ‘ciberterrorismo’, para evitar interpretações ambíguas que possam prejudicar a empresa no momento de um sinistro. Além disso, é importante verificar se a apólice inclui cobertura para multas regulatórias e custos associados ao cumprimento das exigências da ANPD, bem como outros custos legais decorrentes de violações de dados. A conformidade com a LGPD e outras normativas setoriais deve ser um ponto central na avaliação do seguro, garantindo que a empresa esteja protegida não apenas financeiramente, mas também juridicamente, em caso de incidentes que resultem em investigações regulatórias ou processos judiciais.

    A evolução do mercado de seguros

    No mesmo sentido, os advogados devem orientar seus clientes sobre a importância de integrar a apólice de seguro com as políticas internas de segurança da informação, assegurando que as condições de cobertura não sejam invalidadas por falhas na implementação de medidas preventivas adequadas.

    Adicionalmente, a cobertura oferecida por esses seguros pode incluir serviços de gestão de crises, contratação de profissionais de forense digital e outros necessários para cumprir as regras da comunicação da ANPD e minimizar os danos à reputação em caso de um incidente de segurança.

    A digitalização também é um tema central no mercado de seguros cibernéticos no Brasil. As seguradoras estão investindo fortemente em plataformas digitais para melhorar a experiência do cliente e tornar a avaliação de riscos mais precisa. Essa transformação digital é essencial para que o setor acompanhe as rápidas mudanças no ambiente de ameaças cibernéticas e ofereça soluções adequadas ao contexto atual. 

    Para os advogados, é crucial orientar seus clientes sobre os benefícios jurídicos de contratar um seguro cibernético adequado, que não apenas proteja financeiramente, mas também assegure que a empresa esteja em conformidade com a legislação vigente, preparada para responder a incidentes de segurança de maneira eficaz e pronta para preservar sua reputação e continuidade operacional em qualquer eventualidade.

    Em resumo, o mercado de seguros cibernéticos está em rápida evolução, e sua importância no ambiente de negócios moderno não pode ser subestimada. As empresas e seus departamentos jurídicos devem estar atentos às particularidades desse modelo de seguro e sua crucial importância diante do cenário de cibersegurança e dos frequentes incidentes. As seguradoras que conseguirem antecipar as necessidades de seus clientes e oferecer produtos que atendam eficazmente às exigências regulatórias da ANPD, da Susep e do ambiente cibernético estarão melhor posicionadas para liderar esse mercado dinâmico.

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    Autor

    • Calza Neto

      Graduado em Direito pela Universidade Presbiteriana Mackenzie (1998). Sócio de CNK Advogados, escritório de advocacia que atua na área de Direito Direito Digital, Proteção de Dados, Cibersegurança e Compliance - DPO do Sport Club Corinthians e Sparco.

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    Por Calza Neto

    Graduado em Direito pela Universidade Presbiteriana Mackenzie (1998). Sócio de CNK Advogados, escritório de advocacia que atua na área de Direito Direito Digital, Proteção de Dados, Cibersegurança e Compliance - DPO do Sport Club Corinthians e Sparco.





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